Uma das
características do capim-elefante que leva o centro de pesquisa a apostar nele
como matéria-prima para produção de etanol 2G é a alta produtividade. Estudos
indicam que a produção por hectare pode ficar entre 150 e 200 toneladas de
massa fresca, considerando-se dois cortes anuais, o que tem sido visto como
ideal para o mercado de energia. A primeira colheita pode ser feita apenas seis
meses após o plantio e, se bem manejada, uma área cultivada pode continuar
rebrotando por alguns anos.
Há que se
ponderar, contudo, que o capim-elefante é produzido em áreas pequenas para ser
usado com alimento para o gado, atualmente. Plantios em grandes áreas que gerem
biomassa para bioenergia precisam de sistemas de produção diferenciados, que
também já estão em estudo na Embrapa.
O
trabalho com os quatro genótipos de capim-elefante desenvolvidos pela Embrapa
Gado de Leite, avaliou, para cada um deles, a produção de etanol com biomassa
de um corte anual e de dois cortes anuais. Os resultados mostraram que,
independentemente do genótipo selecionado, a recomendação é fazer dois cortes
por ano, para se obter melhor rendimento tanto no campo quanto na produção do
biocombustível. No manejo de um corte único no ano, mesmo as biomassas
mais produtivas apresentam menor potencial para a produção de etanol, em razão
da inferior conversão da celulose em glicose. "Este fato pode ser
associado ao maior teor de lignina que, em geral, materiais mais maduros
apresentam", analisa Thályta.
Em outra
frente das pesquisas com etanol celulósico a partir de capim-elefante, tem-se
testado diferentes métodos de pré-tratamento, primeira etapa para a produção do
etanol 2G. Nesse processo, produtos químicos combinados com alta
temperatura e, por vezes, pressão, atuam sobre a biomassa,
"afrouxando" a estrutura. Com isso, consegue-se utilizar enzimas para
agir sobre a celulose, "quebrando" as moléculas e gerando glicose.
Esta, então, é fermentada e passa pelos processos já consolidados de produção
de etanol.
Os
cientistas da Embrapa Agroenergia, em parceria com a Universidade de São Paulo
(Esalq/USP), testaram diferentes condições do pré-tratamento com ácido e
com base, utilizando variedades de capim-elefante em estudo na Embrapa
Cerrados. A partir dos materiais obtidos, os pesquisadores conseguiram extrair
glicose em quantidade idêntica ao gerado com bagaço de cana. Esta é a
matéria-prima mais visada para a produção de etanol 2G no Brasil, uma vez que
já está disponível nas usinas. Ainda serão feitos testes futuros com o
pré-tratamento por explosão a vapor, em parceria com a Embrapa Agroindústria
Tropical.
Para a
pesquisadora Mônica Damaso, da Embrapa Agroenergia, os resultados obtidos
confirmaram que, mais do que o tipo de biomassa avaliada, o determinante para
se obter maior concentração de açúcar, após a hidrólise enzimática, foi o tipo
de pré-tratamento utilizado. "É esta etapa que define a quantidade de
celulose disponível para obtenção de glicose", explica.
Medir a
quantidade de glicose, contudo, não basta, já que inibidores gerados no
pré-tratamento podem comprometer a obtenção do produto final, o etanol. Por
isso, as pesquisas para avaliar e aprimorar todo o processo de produção de
etanol com capim-elefante continuam na Embrapa Agroenergia.
Vivian
Chies (MTb 42.643/SP)
Nenhum comentário:
Postar um comentário